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Artigo

A persistente desnutrição

"O brasileiro só tem três problemas: café, almoço e jantar." (Chico Anysio)

16 de Abril de 2025 as 16h 26min
Fonte: Júlio Casé

Não faz tanto tempo que lutávamos para garantir que os brasileiros tivessem, ao menos, o que comer. A desnutrição por fome predominava em grande parte dos estados brasileiros, e crianças morriam por não terem alimento suficiente ou por estarem malnutridas. Dados estatísticos revelam que, entre 1996 e 2006, a desnutrição crônica caiu 50% no Brasil. Em 2015, o índice de desnutrição era de 5,2%, reduzindo para 4,8% em 2018.

Com relação à insegurança alimentar, a edição de 2024 do Relatório das Nações Unidas sobre o Estado da Insegurança Alimentar Mundial (SOFI 2024) mostrou que a insegurança alimentar severa caiu 85% no Brasil em 2023. No entanto, hoje, o foco voltou-se para a obesidade, que se espalha por todo o território nacional.

No Brasil, a obesidade infantil já afeta mais crianças do que a desnutrição. Em 2023, 14,2% das crianças com menos de cinco anos de idade apresentavam excesso de peso ou obesidade, conforme dados do Ministério da Saúde. A obesidade infantil atinge cerca de 1 em cada 7 crianças, quase três vezes a média mundial. O Atlas Mundial da Obesidade prevê que, em 2030, o Brasil estará em 5º lugar no ranking de países com mais crianças e adolescentes obesos. As consequências da obesidade infantil para a vida adulta são preocupantes, incluindo impacto no desempenho escolar, maior risco de hipertensão e diabetes, entre outros.

Entre adultos, os efeitos da obesidade são amplos e incluem o aparecimento de várias doenças. São exemplos: inflamações em diferentes partes do corpo, sobrecarga ou acúmulo de gordura nas artérias (que podem causar infarto e derrame), hipertensão arterial, além de impactos psíquicos a longo prazo, como depressão, ansiedade, transtorno do pânico e dificuldades de adaptação. Problemas no sono e alguns tipos de câncer também compõem esse cenário preocupante.

Pensar em estratégias para reduzir a obesidade deve ser um projeto prioritário nos próximos anos. A ciência tem avançado rapidamente na busca por tratamentos eficazes contra essa condição. É claro que os fatores individuais precisam ser considerados. Uma dieta equilibrada e hipocalórica, com redução de alimentos ultraprocessados e ricos em açúcares e gorduras saturadas, aliada à prática regular de atividade física, é essencial. Esses esforços não são importantes apenas para a perda de peso, mas também para a sua manutenção. Além disso, a terapia com abordagens psicológicas pode ser uma poderosa ferramenta mental para lidar com o problema.

Entre os tratamentos medicamentosos disponíveis contra a obesidade, observa-se alguns avanços promissores, como inibidores de apetite, inibidores de absorção de gordura e os modernos análogos do GLP-1. Em casos em que as abordagens terapêuticas anteriores não geram resultados satisfatórios, alguns indivíduos podem necessitar de procedimentos cirúrgicos.

As estratégias para reduzir a obesidade devem incluir ações voltadas para crianças e adolescentes, que também podem desenvolver, precocemente, as mesmas doenças observadas em adultos. Já é possível ver crianças enfrentando condições como depressão e ansiedade, compulsões alimentares, desmotivação para atividades físicas, baixa autoestima, timidez excessiva e dificuldades de socialização, muitas vezes associadas a questões físicas e à instabilidade mental. Mudanças no estilo de vida, com iniciativas dos pais e investimentos em terapia, podem acelerar respostas positivas no futuro.

Embora a falta de alimentos na mesa cause prejuízos irreversíveis, o excesso também deve ser desencorajado. Conversas em família sobre equilíbrio alimentar, planejamento de metas e cumprimento dessas metas são fundamentais. Como já diz o ditado: "Quem não sabe para onde quer ir, qualquer caminho serve."

 

*Julio César Marques de Aquino (Júlio Casé) é médico psiquiatra pelo Hospital Municipal do Campo Limpo - SMS - São Paulo- SP. Médico de Família e Comunidade pela SMS- Sinop - MT. Professor de medicina pela UFMT campus Sinop - MT. Autor do livro “Receitas para a vida” pela editora Oiticica.  Titular da cadeira número 35 da Academia Sinopense de Ciências e Letras cujo o patrono é o médico e escritor Moacyr Scliar. Contato: email: juliocasemed@gmail.com.

Júlio Casé

Artigo

*Julio César Marques de Aquino (Júlio Casé) é médico psiquiatra pelo Hospital Municipal do Campo Limpo - SMS - São Paulo- SP. Médico de Família e Comunidade pela SMS- Sinop - MT. Professor de medicina pela UFMT campus Sinop - MT. Autor do livro “Receitas para a vida” pela editora Oiticica.  Titular da cadeira número 35 da Academia Sinopense de Ciências e Letras cujo o patrono é o médico e escritor Moacyr Scliar. Contato: email: juliocasemed@gmail.com.