A OAB-MT transcende a sua presidente

"O bonde passa cheio de pernas
Pernas brancas, pretas, amarelas
Para que tanta perna, meu Deus?"

As célebres frases de Carlos Drumond de Andrade no Poema de Sete Faces viraram exemplo didático da Metonímia. 

Metonímia é uma figura de linguagem utilizada quando se toma a parte pelo todo.

Tal figura é amplamente utilizada e um excelente mecanismo de texto. 

O perigo é quando as pessoas passam a confundir a parte pelo todo.

A presidente da OAB/MT, na sessão do Conselho Seccional de agosto, ao defender a criação de um cargo e a nomeação de um opositor para ocupá-lo em pleno período eleitoral, evocou em sua defesa o art. 31 do Regimento Interno da OAB/MT, sustentando que esta seria sua prerrogativa.

Acontece que o art. 31 estabelece as competências da Diretoria e não da Presidência. 

Poderia ser apenas mais um equívoco escusável de interpretação do Regimento, mas quem acompanha a gestão de perto sabe que este é um padrão. 

A presidente se confunde com a própria OAB. A postura reativa, centralizadora, revela este sentimento.

Ao tomar exclusivamente para si a conquista do reajuste do repasse financeiro das subseções, ignorando o estudo e pleito feito coletivamente por todos os presidentes de subseções, ao ignorar a existência de uma diretoria legitimamente eleita pela subseção ao definir quais assuntos interessam àquelas cidades num evento acadêmico, ao criar um cargo de competência da Diretoria, sem sequer consultar seus diretores, ao interpelar, em nome da OAB, advogados por buscarem informações financeiras, revela-se a confusão que faz de si própria com a OAB.

A instituição transcende a sua presidente.

A OAB não é formada só pela presidente, e nem pelos 92 eleitos para compor a chapa, além dos diretores eleitos nas 29 subseções, mas de toda a advocacia e cada um dos inscritos no seu quadro.

Do interior, da capital, dos tribunais, dos juizados.

Gisela em mais um ato falho revela a confusão que faz, de se entender, sozinha, toda a OAB/MT.

A OAB somos todos nós, e a presidente, é tão importante quanto qualquer colega da advocacia. 

Esta confusão bota a gente comovida como o diabo.