Saúde
Em 10 meses Sinop terá tratamento de radioterapia pelo SUS
Obra começa nessa quarta-feira, com recurso de R$ 11 milhões via Ministério da Saúde
Saúde | 03 de Outubro de 2018 as 17h 20min
Fonte: Jamerson Miléski
Em agosto de 2019, Sinop será a referência para tratamento de pacientes com câncer em um raio de 400km, atendendo um contingente populacional estimado em 1 milhão de habitantes. O que posicionará a cidade como referência no combate a doença será o início das operações da ala de radiologia e braquiterapia – recursos que atualmente só existem na capital do Estado.
A estrutura será construída com recursos do Ministério da Saúde, anexo à ala de oncologia do Hospital Filantrópico Santo Antônio, que assumirá a unidade quando estiver pronta. As obras foram oficialmente iniciadas nesta quarta-feira (3), em um evento simbólico, com a presença de técnicos do Ministério da Saúde. Serão aplicados R$ 11 milhões na construção de um prédio e a instalação dos equipamentos para radioterapia e braquiterapia. O cronograma prevê a construção em 10 meses. São 1,2 mil metros quadrados de edificação.
Segundo o consultor técnico e supervisor de obras do Ministério da Saúde, Josef Makkai, só foi possível iniciar a obra em pleno período eleitoral porque a contratação foi via RDC (Regime Diferenciado de Contratação). “O orçamento está assegurado, independente da troca presidencial. O Ministério da Saúde já contratou a obra e expediu a ordem de serviço. Agora cabe a empresa executar e entregar a estrutura pronta dentro de 10 meses”, informou o engenheiro do Ministério da Saúde.
A empresa contratada para executar a obra é a Engetec Construtora, com sede em Cuiabá. Quando a estrutura estiver pronta, a unidade será transmitida, por doação, para a Fundação de Saúde Comunitária Santo Antônio, a quem caberá mobiliar e operacionalizar a ala de radioterapia.
Segundo o diretor da ala de oncologia do Santo Antônio, o oncologista Airton Rossini, todos os pacientes que precisam passar por radioterapia e braquioterapia no Estado de Mato Grosso precisam se deslocar até Cuiabá. Hoje só existem dois desses equipamentos operando via SUS. Com a unidade de Sinop e também a de Rondonópolis, que faz parte do mesmo convênio, dobra a capacidade do Estado nesse tipo de procedimento. “O Hospital Santo Antônio já realiza hoje, pelo SUS, o tratamento por quimioterapia. A radioterapia e a braquiterapia são tratamentos que atingirão outros tipos de câncer, dependendo de cada caso clínico. Em muitos casos, são tratamentos complementares, em que o paciente precisa de ambos. O que ocorre hoje é que um paciente que fez a quimioterapia em Sinop precisa, debilitado, ir até Cuiabá para fazer a radioterapia”, expõe o especialista.
Atualmente, a ala de oncologia do Santo Antônio recebe cerca de 6 mil pacientes por ano. Conforme Rossini, 60% destes acabam tendo o diagnóstico de câncer confirmado. Do total de pacientes diagnosticados, pelo menos 80% precisa ser submetido à radioterapia. “Podemos dizer tranquilamente que pelo menos 3 mil pessoas serão atendidas por ano nessa unidade que está em construção”, revelou Rossini.
Enquanto a obra é executada, cabe ao Hospital Santo Antônio se preparar para operacionaliza-la. Segundo o diretor geral do Hospital, Antônio Sérgio Amaral, a fundação iniciará o processo de contratação e capacitação dos profissionais que irão operar na radioterapia e braquiterapia. “O Hospital receberá a estrutura pronta e caberá a nós operacionalizar e oferecer o tratamento aos pacientes”, informou.
O projeto para implantação de uma ala de radioterapia e braquiterapia remonta o ano de 2012. Desde 2006 o Hospital Santo Antônio oferece um espaço para o tratamento do câncer. As duas novas especialidades otimizarão os tratamentos e facilitarão o acesso dos pacientes.
O câncer do SUS
o engenheiro do Ministério da Saúde, Josef Makkai aproveitou o evento desta quarta-feira (3), para se desculpar publicamente pelo órgão do qual faz parte. Segundo ele, a espera de 6 anos para implementar o tratamento de radioterapia e braquiterapia é algo inaceitável.
Mas construir a obra não é o calcanhar de Aquiles do SUS. O maior problema do sistema público de saúde sempre tem sido manter essas unidades funcionando com o mínimo de qualidade.
Segundo o oncologista Airton Rossini, que opera na ala de oncologia do Santo Antônio, o mais importante é garantir que os recursos não atrasem. “De forma geral, os recursos do SUS para custeio são baixos e quem opera nesse serviço já tem conhecimento e tenta se ajustar as tabelas. O problema maior é quando esse dinheiro, que já é pouco, atrasa”, declarou.
As alas de radioterapia e braquiterapia, como qualquer hospital do câncer do país, demandarão de apoio da sociedade, seja com campanhas de arrecadação, doações ou mesmo com cobrança para que o Ministério da Saúde mantenha em dia os repasses. Afinal, quem tem câncer não tem tempo para esperar.
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