Saúde
Bebês de proveta, nascidos em Sinop
Grupo paulista inaugurou em Sinop o primeiro laboratório de reprodução assistida do interior de Mato Grosso
Saúde | 24 de Maio de 2019 as 16h 19min
Fonte: Jamerson Miléski
Em 9 meses começarão a nascer os primeiros “bebês de proveta” fecundados no município de Sinop. Procedimentos de fertilização in vitro já estão sendo feitos no interior do Mato Grosso com a mesma perícia e tecnologia dos grandes centros.
Os responsáveis pela inovação é uma dupla de médicos: Daianni Stadtler e Joji Ueno. Daianni é ginecologista e abriu em fevereiro desse ano em Sinop a Clínica Fecundar – uma estrutura de saúde especializada em tratamentos de fertilidade. Já Joji Ueno é uma referencia nacional em reprodução assistida, com mais de 30 anos de atuação na área. Ele é fundador da LabFIV, uma rede de Laboratórios especializados na Fertilização In-Vitro – os popularmente chamados “bebês de proveta”.
Os dois profissionais firmaram uma parceria para estabelecer em Sinop o primeiro laboratório de fertilização do interior de Mato Grosso. O LabFIV de Sinop é integrado a estrutura da Clínica Fecundar.
Ueno veio pessoalmente participar da inauguração, ontem, quinta-feira (23). Segundo o especialista, a unidade de Sinop opera com a mesma tecnologia e experiência profissional que a sede do LabFIV, localizada em São Paulo. “São os mesmos equipamentos de ponta, o mesmo know-how aplicado em São Paulo está aqui em Sinop. Durante a implantação trouxemos profissionais da nossa unidade principal para fazer o treinamento da equipe que vai conduzir o LabFIV Sinop”, explicou Ueno, frisando que o médico embriologista que atua na unidade também veio de São Paulo.
A sede do LabFIV fica na capital paulista e existe desde 1993. O laboratório realiza cerca de 700 fertilizações por ano. Sinop é a 3ª unidade do LabFIV. A segunda fica em Campo Grande (MS).
Embora a inauguração tenha sido ontem, alguns procedimentos já foram realizados na unidade de Sinop. Segundo Daianni, 9 fertilizações in-vitro foram feitas no laboratório e 4 inseminações artificiais. “Estamos com uma taxa de sucesso de 50%, que é um percentual bastante positivo”, revelou a ginecologista.
Com essa estrutura passa a ser possível fazer inseminação artificial e fertilização in-vitro sem precisar buscar pelo procedimento em uma grande capital. Segundo Ueno, a estrutura montada em Sinop garante a mesma eficácia de qualquer outra clínica no país.
Além da inseminação e da fertilização in-vitro, a clínica também faz a preservação do material genético. Esse procedimento é particularmente importante para quem pretende ter filhos no futuro e deseja preservar “suas sementes”. Pode ser o caso de um homem com câncer que precisa ser submetido a uma quimioterapia e, antes disso, quer preservar seus espermatozoides; ou uma mulher, que vê o final do seu ciclo de ovulação chegando ao fim. “A partir dos 30 anos recomendamos que as mulheres façam um exame para checar a sua fertilidade. Cerca de 10% das mulheres tem infertilidade nessa faixa etária”, revela Ueno.
Embora os homens continuem produzindo células reprodutivas quase até o final da vida, Ueno explica que há uma queda de qualidade na função reprodutiva dos espermatozoides. “Os homens de meia idade que ainda pretendem ter filhos no futuro, recomendamos que armazenem seus espermatozoides”, sugeriu.
A clínica conta com uma estrutura para armazenamento desse material, tanto de espermatozoides como de óvulos. As células reprodutivas são “congeladas” podendo ficar em estado de dormência por tempo indeterminado. “As vezes uma mulher que sonha em ser mãe, mas ainda não encontrou o parceiro ou acredita que ainda é cedo para se dedicar à maternidade, porque existem outros projetos antes, a preservação do óvulo é a garantia de que no futuro ela conseguirá realizar seu sonho”, frisou a ginecologista.
Como funciona?
Existe uma série de variações entre os diferentes tratamentos de reprodução assistida. A inseminação artificial é um dos procedimentos mais simples. Nesse caso, cria-se na mulher a condição hormonal favorável à fecundação e o espermatozoide anteriormente colhido é depositado artificialmente nas vias genitais femininas.
Na FIV (Fertilização In-Vitro), os óvulos são coletados da mulher e a fecundação é externa – o que explica o termo bebe de proveta. Espermatozoides são postos no mesmo ambiente do óvulo, simulando as condições intrauterinas. Quando o óvulo é fertilizado, o embrião é depositado no útero da mulher que, em caso de sucesso, fará a gestação.
Todo o procedimento leva cerca de 18 dias. No primeiro dia do tratamento são feitas avaliações. No 2º e no 4º dia a paciente recebe uma dosagem de hormônio FSH. O objetivo é estimular a liberação de óvulos. No 5º e 6º dias a paciente passa por exames de ultrassom, que buscam detectar se os óvulos estão no tamanho adequado. Se for positivo, aplica-se um segundo hormônio, o hCG, fundamental na maturação e liberação dos óvulos.
No 12º dia do tratamento a paciente retorna à clínica para fazer a retirada dos óvulos. A mulher é sedada e a coleta dura cerca de 30 minutos. No 16º dia o óvulo já fecundado é transferido para paciente. O procedimento é rápido. “O tempo que a transferência do embrião vai levar depende da bexiga da mulher ficar cheia”, explica Ueno. Sim, para receber o embrião a mulher deve estar prestes a ir no banheiro.
As duas técnicas permitem uma plural combinação de situações. A mulher pode usar o próprio óvulo e o esperma do seu companheiro, o seu óvulo e sêmen de um doador, um óvulo doado com o sêmen do seu companheiro ou mesmo ambos resultados da doação. O que não pode haver é compra. A norma proíbe a compra e venda de células reprodutivas. Outra questão é de que a doação só pode ser feita no anonimato. Em suma, quem for apelar para um doador nunca saberá quem é o pai ou mãe biológica da criança. Assim como nenhum doador de material genético nunca saberá quem nasceu graças as suas células.
A Clínica Fecundar e o LabFIV ficam na Rua das Grevíleas, 219, setor comercial de Sinop. O telefone é (66) 3515-9673.
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