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Mato Grosso

Selma chora e diz ser vítima de injustiça

Senadora cassada pelo TRE afirma sofrer perseguição por prender “intocáveis”

Política | 24 de Abril de 2019 as 09h 45min
Fonte: Redação

Foto: Divulgação

Derramando lágrimas sobre o púlpito do Senado Federal, a senadora Selma Arruda (PSL-MT) desabafou, na tarde desta terça-feira (23), sobre a cassação do seu mandato imposta pelo Tribunal Regional Eleitoral de (TRE-MT) por abuso de poder econômico e “caixa 2” na campanha eleitoral.

Selma iniciou lembrando sua carreira na magistratura. “Trabalhei na fronteira de Mato Grosso com a Bolívia. Fui ameaçada. Tive que contar na época com segurança, que me foi dada pelo Exército Brasileiro, porque o Tribunal de Justiça não dava segurança para juízes e dizia que juiz que pedisse segurança era covarde”, relatou.

Lembrou ainda que comandou a 7ª Vara Criminal de Cuiabá, onde combateu o crime organizado e os de “colarinho branco”, onde foi a responsável por decretar a prisão de acusados de corrupção. Citou que “colocou atrás das grades” um ex-governador do Estado (Silval Barbosa), o ex-presidente da Assembleia (José Riva) e o ex-presidente da Câmara de Cuiabá (João Emanuel). “Eu passei então a ter vários problemas de ordem pessoal. Minha família ficou impedida de uma série de atividades. Eu fiquei restrita por alguns anos a uma vida muito sacrificada para honrar a escolha que eu fiz, a profissão que eu resolvi escolher. Eu segui firme”, disse, emocionada.

Na sequência, a ex-juíza passou a relatar sobre sua campanha. Ela disse que o trabalho para conquistar mais de 678 mil votos foi “cansativo”.

Segundo ela, a campanha foi quase toda feita nas estradas, viajando de carro, enquanto muitos adversários usufruíram de aeronaves para andar todo Estado. “Eu votei de manhã, fui para casa e dormi porque eu estava cansada. Eu estava cansada porque eu fiz a campanha andando de caminhonete flex. Não tinha avião para eu andar para cima e para baixo. Eu até dei umas voltinhas de avião aí com um doador que me doou algumas horas de voo, mas um doador que me doou algumas horas de voo, mas 99% da minha campanha foi feita na estrada mesmo”, relatou.

Sobre os gastos de sua campanha – apontados como irregulares pelo TRE -, colocou que houve um “autofinanciamento” da campanha. Os recursos foram doados por seu suplente, Gilberto Possamai (PSL), e por ela mesma. “Mesmo pagando dívidas de pré-campanha com cheque nominal. Isso, lá em Mato Grosso, se chama caixa dois. Eu fui também acusada de abuso de poder econômico, só que, entre os gastos da pré-campanha e o gasto da campanha, senhores, eu não atingi nem o teto – nem o teto –, mas eu abusei do meu poder econômico”, assinalou.

A senadora ainda lembrou que, durante a campanha, rompeu com a coligação que estava por conta de casos de corrupção contra, até então, “aliados”, como o ex-governador Pedro Taques (PSDB) e o ex-deputado federal Nilson Leitão (PSDB). “Hoje, eles respondem a processos aí. Eu sabia que iam responder, porque eu já tinha presidido anteriormente, na Vara, algumas investigações a esse respeito e não ia me sujar por isso – não ia me sujar, como não me sujei até hoje me sujar”, lembrou.

Selma ainda apontou ter sido um “caso inédito” na Justiça Eleitoral, pois foi condenada por gastos na pré-campanha. “Talvez nenhum candidato tenha tido os seus gastos de pré-campanha incluídos no gasto da campanha, jogados dentro da prestação de contas, para que os seus gastos de pré-campanha fossem contados como caixa dois, mas eu tive isso”, frisou.

Na mesma linha, acredita que o Tribunal Superior Eleitoral analisará seu recurso sem “ódio” e com base nas provas e que conseguirá manter, além do seu mandato, a sua dignidade. “Eu confio que aqui nós vamos ter um julgamento isento, que aqui nós vamos ter um julgamento menos perseguidor e que aqui eu vou conseguir limpar o meu nome e a minha dignidade, porque isso é a única coisa que eu tenho”, previu.

A senadora mato-grossense ainda promete dar a resposta aos críticos, que “comemoraram” sua cassação imposta pelo TRE-MT. “E eu não vou permitir que uns e outros digam que eu tenho que usar tornozeleira”, colocou, numa menção a uma postagem do senador Renan Calheiros (MDB-AL) no Twitter.

Ao final, citou que teve apoio de vários colegas, inclusive dos dois representantes do Estado no Senado: Jayme Campos (DEM) e Wellington Fagundes (PR). “Não queiram, senhores, estar no meu lugar, mas, se um dia estiverem, creiam que eu vou dar todo o meu apoio para vocês, porque injustiça é uma coisa que ninguém merece e por que ninguém deveria passar”, cita.