Olá! Utilizamos cookies para oferecer melhor experiência, melhorar o desempenho, analisar como você interage em nosso site e personalizar conteúdo. Ao utilizar este site, você concorda com o uso de cookies.

Bom dia, Terça Feira 23 de Abril de 2024

Menu

Sinop

Rocha: “Sinop não bate nenhuma meta na saúde”

Vereador critica modelo de gestão da prefeita e diz que a cidade está perdendo dinheiro

Política | 26 de Julho de 2019 as 17h 41min
Fonte: Jamerson Miléski

Foto: GC Notícias

O vereador de Sinop, Adenilson Rocha (PSDB), participou do programa Cidade Alerta (TV Capital/RecordTV), desta sexta-feira (26). O cerne da entrevista ao vivo foram as críticas do vereador ao serviço de saúde pública no município, com ênfase na ausência de gestão da prefeita Rosana Martinelli (PR).

Vereador de primeiro mandato, morador de Sinop há mais de 30 anos e empresário do ramo da tecnologia, Adenilson é a voz mais latente da Câmara de vereadores quando o assunto é saúde. As cobranças se tornaram mais agudas em março do ano passado, quando sua irmã, Ivonete Firmino da Rocha, morreu dentro da UPA (Unidade de Pronto Atendimento), cerca de 15 dias após ser submetida a uma cirurgia no Hospital Regional – as duas principais estruturas de saúde de Sinop, sendo uma municipal e outra estadual, respectivamente. Desde o luto, Adenilson considerou a morte de sua irmã um ato de negligência.

Após o episódio, Adenilson adotou a saúde como seu principal ponto de atuação. Ou como prefere dizer “sua bandeira” - termo que usou na entrevista desta sexta. Adenilson disse que Sinop cresceu nos últimos anos e a estrutura de saúde pública não acompanhou o ritmo. Em especial a Atenção Básica, que compreende o atendimento primário, de baixa complexidade, realizadas nos postos de saúde – e que é de competência da gestão municipal. O vereador frisou que existem apenas 32 equipes de PSF (Programa Saúde da Família), no município, a mesma quantidade do final do mandato do prefeito anterior, Juarez Costa. Desde então, argumenta Adenilson, nenhuma nova equipe foi implantada. “Com a população que temos, essas 32 equipes significam uma cobertura de 54% na Atenção Básica. O mínimo aceitável seria uma cobertura acima de 75%. Para isso precisaríamos ter 48 equipes de PSF”, apontou.

Ao citar o baixo percentual de cobertura na Atenção Básica, Adenilson disse que o município não bate nenhuma meta dos programas de saúde do SUS – como a própria atenção básica, saúde bucal, combate a Hanseníase, Diabetes e outros. “Sinop deixa de receber recursos do Estado e da União, porque não bate meta. Não atende o mínimo exigido pelo programa. Enquanto Sinop, com uma população de 140 mil recebe do Estado R$ 1,00 por habitante para Saúde, Sorriso, com 85 mil habitantes, recebe quase R$ 1,95 por pessoa”, exemplificou.

Essa informação do repasse per capita foi noticiada pelo GC Notícias em fevereiro desse ano, em uma reportagem que apontava que Sinop recebeu R$ 136 mil em janeiro de 2019, enquanto Sorriso recebeu R$ 158 mil.

Para Adenilson, faltam médicos nos postos de saúde, o atendimento não comporta a demanda e os profissionais não possuem estrutura suficiente para desempenhar um bom trabalho. “É um problema de gestão. De uma prefeitura que não está fazendo o dever de casa”, criticou. “A população de Sinop está desacreditada com as UBS’s (Unidades Básicas de Saúde). Por isso, quando precisa, vai direto na UPA”, completou.

Outro fator que causa a superlotação na UPA, na visão de Adenilson, é a falta de um Centro de Pediatria. “Todas as crianças de Sinop acabam parando na UPA porque não tem uma estrutura que ofereça atendimento com médico pediatra”, justificou.

Como solução, Adenilson sugeriu a ampliação do horário de atendimento de pelo menos 3 postos de saúde, que deveriam ficar aberto até à meia noite. Ele também frisou a necessidade de implantar um Pronto Socorro Municipal, que seriam uma estrutura similar ao antigo Pronto Atendimento, absorvido pelo Hospital Regional. Essa “redundância” ampliaria a capacidade de atendimento do município fora do horário comercial e finais de semana, desafogando a UPA. “Uma gestão municipal comprometida traria a responsabilidade para si. Abriria o Pronto Socorro com recursos próprios”, cobrou.

Para dar vazão ao atendimento infantil, que hoje lota a UPA, Adenilson sugeriu a implantação de um Centro Pediátrico. Segundo ele, essa estrutura poderia funcionar junto ao Centro de Especialidades Médicas. “É algo que já apresentei para prefeita, já cobrei e fui ignorado”, declarou. Adenilson disse que a proposta veio dos próprios servidores técnicos do Centro de Especialidades, dizendo que é possível implantar essa ala pediátrica sem a necessidade de contratações, apenas remanejando profissionais para suas funções de origem. “Tem pediatra no Centro de Especialidades trabalhando em função administrativa”, acusou.

Adenilson também falou sobre o fato da prefeitura investir 35% do seu orçamento na saúde – sendo que o mínimo exigido por lei é 15%. Para o vereador, o dinheiro está sendo mal aplicado. “Os investimentos na saúde aumentam, mas o número de médicos é menor, cada vez se atende menos e as pessoas sofrem na UPA. Como isso acontece?”, ironiza o vereador.

O vereador considera emergencial um choque de gestão na saúde, que deve começar corrigindo os desvios de função – devolvendo servidores concursados da saúde para suas funções de origem – dando estrutura para os profissionais e, fomentando as boas iniciativas. “Temos indicadores de satisfação diferentes nas unidades de saúde. Em alguns, o serviço funciona. Em outros, é precário. O que falta é copiar os bons modelos de gestão que existem na saúde”, afirmou o vereador.

 

Vaidade e falta de pulso

Em dado momento da entrevista, Adenilson foi provocado a avaliar a atuação da prefeita Rosana Martinelli. “É uma gestão vaidosa, desencontrada, que não se falam na mesma língua”, atacou.

O vereador considera Rosana uma líder sem firmeza, com falta de pulso e incapaz de dialogar com as diferentes lideranças da cidade. “A população não sente mais firmeza”, disse. “É claro que existem acertos, mas os erros são maiores”, completou.

Adenilson também criticou a falta de foco de Rosana e a maneira estranha como a atual gestão tenta resolver os problemas do município. Como exemplo, ele citou o caso dos radares (locação de 107 equipamentos de monitoramento de trânsito que estão sendo instalados). Contrário a instalação desses equipamentos, Adenilson disse que antes de fazer uma despesa milionária com radares, a gestão deveria ter feito uma reorganização no tráfego urbano, instalar semáforos inteligentes e reforçar a Guarda de Trânsito. “Ao invés disso ela foi direto para multa”, completou.

O vereador citou ainda as obras que a gestora herdou do antigo prefeito e que continuam paradas, além de uma inércia da administração pública. “Ela encheu a cidade de flor e esqueceu do básico”, resumiu Adenilson.

 

O que diz a prefeita?

O GC Notícias entrou em contato com a gestão municipal através da assessoria de comunicação. Nossa reportagem encaminhou os principais pontos abordados pelo vereador, com ênfase as críticas e alegações que Adenilson fez sobre a saúde pública. A intenção era abrir espaço para o contraditório.

A assessoria informou que a gestão não tem por postura ou hábito rebater declarações dadas por vereadores, entendendo que são representantes legítimos, eleitos pelo povo e, portanto, devem utilizar o seu livre direito de manifestação.