Entrevista
Não existe solução mágica para o Mato Grosso, afirma Mendes
Candidato a governador acredita que serão necessários 2 anos para colocar o Estado em ordem
Política | 01 de Agosto de 2018 as 17h 35min
Fonte: Jamerson Miléski

“Contribuir”. Essa foi a palavra mais dita pelo candidato ao Governo do Mato Grosso, Mauro Mendes (DEM), em entrevista concedida ao GC Notícias na tarde desta quarta-feira (1). Ao invés de citar o esfolado sujeito, contribuinte, Mendes deu preferência ao verbo. Sua vontade de governar Mato Grosso é explicada com a sensação de que tem o dever de contribuir. “Todo cristão tem o dever de contribuir. Faço isso minha vida toda. Fiz quando fui síndico de prédio, empresário, presidente da Federação das Indústrias, prefeito de Cuiabá e sinto que tenho experiência e disposição para contribuir como governador”, declarou Mendes.
Ao se colocar como um líder que quer contribuir com Mato Grosso, Mendes adota um discurso sem deslumbramento – bem diferente da oratória de líder absoluto e onipotente que elegeu Pedro Taques em 2014. Como tal, não apresentou grandes promessas ou projetos, limitando seu comprometimento político a dizer que vai trabalhar. “Não existe solução mágica. O que resolve é trabalho e seriedade na condução da coisa pública. E, com o tempo, tenho certeza que vamos entregar um Estado muito melhor do que recebemos”, disparou Mendes.
Estima-se que o próximo governador irá assumir um Estado com uma dívida de R$ 2,6 bilhões – além de um déficit na maioria dos serviços públicos, que estão longe de atender a demanda. Ilustrando esse cenário, o GC Notícias questionou o candidato: Por onde começar?
Mendes diz que a primeira ação é formar uma boa equipe para enfrentar todos esses problemas simultaneamente. “A saúde é muito importante, mas se não formos capazes de organizar as finanças, não vai ter dinheiro. A infraestrutura é tão importante para a economia, gerar emprego e fazer o Estado crescer, então é importante para milhares de pessoas. Teremos que enfrentar todos esses problemas simultaneamente”, explicou Mendes.
A gestão começa pelo “caixa” porque segundo Mendes, o Estado “está quebrado” e o próximo governador vai levar algum tempo para equilibrar as finanças. Ele acredita que sejam necessários 2 anos para colocar a casa em ordem. Para que não seja uma promessa similar aos “100 dias” pedidos por Taques no início da gestão, Mendes pretende fazer andar as obras e convênios que já possuem dinheiro em caixa e que o atual governo não conseguiu executar. Ele citou como exemplo o Hospital Universitário de Cuiabá, que possui R$ 90 milhões em recursos transmitidos pelo Governo Federal e que durante os 3 anos e meio do governo Taques, não avançou. “Lamentavelmente Taques foi uma grande decepção para todos nós. Ele começou seu mandato olhando para o retrovisor, preocupado demais com a gestão anterior, que cometeu sim erros e precisa pagar. Mas o governador do Estado precisa deixar os erros do seu antecessor a cargo do Ministério Público, da Justiça e do Tribunal de Contas. O governador tem que cuidar do presente e do futuro, porque olhar para o passado não resolve os problemas. Esse foi um dos grandes erros que ele cometeu: não administrou Mato Grosso, não soube compreender o tamanho do cargo que ele foi eleito e se perdeu, comprometendo a vida de milhares de mato-grossenses”, argumentou Mendes.
Provocações
Mendes possui uma carreira mais vitoriosa na iniciativa privada do que na vida pública. Como político, disputou 3 eleições e venceu uma, para prefeito de Cuiabá, em 2012. Logo, o que o credencia ao cargo de governador não é a trajetória política e sim empresarial.
E por isso uma das perguntas que Mendes precisa responder é: como o eleitor vai confiar o Estado a um empresário cujas empresas quase quebraram em 2015?
Mendes foi categórico na resposta. Ele disse que possui, direta e indiretamente, 12 empresas em Mato Grosso e que apenas 4 delas passaram por um processo de recuperação judicial. Esse período falimentar, frisa Mendes, ocorreu justamente entre 2014 e 2015, quando estava completamente afastado das funções, administrando a prefeitura de Cuiabá. “Por 30 anos minhas empresas cresceram e fizeram seu papel, dando sua contribuição para o Estado e, 4 delas tiveram problemas justamente quando eu estava afastado. Retornei ao comando delas e nos recuperamos. Em setembro concluímos completamente a recuperação judicial, pagando todas as dívidas e mantendo essas empresas sadias, gerando emprego e renda para o Estado. Quem nunca teve problemas? O importante não é cair e sim saber se levantar e seguir em frente”, rebateu Mendes.
Durante esse processo, Mendes declarou que parte dessa crise sobre suas empresas devia-se ao fato dele ter se tornado uma PPE (Pessoa Politicamente Exposta). Basicamente, o empresário disse que teve prejuízos em seus negócios por perseguição política. O GC Notícias questionou, então, porque voltar à política. “Tomei as devidas precauções para que isso não volte a acontecer. Volto para política para contribuir”, respondeu.
Outra provocação feita à Mendes foi a respeito da sua sensibilidade e capacidade de identificação com o cidadão comum de Mato Grosso. Empresário bem sucedido, Mendes não faz parte do grupo de pessoas que utilizam a saúde ou a educação pública – serviços considerados vitais para a massa da população. Como ele, na posição de governador, conseguiria ter a sensibilidade necessária para compreender o quanto é importante que estes dois serviços funcionem bem?
Mendes respondeu listando o que já fez nesse sentido como prefeito de Cuiabá. Ele falou o Hospital São Benedito, aberto na sua gestão, a construção do Novo Pronto Socorro - que passa a ser o maior Hospital Público de Mato Grosso -, duas UPA’s (Unidades de Pronto Atendimento), entregues por ele e outras duas lançadas além da implantação de um Centro de Distribuição de Medicamentos. “Essa compreensão move minha vida. Sou sensível sim a estas demandas e sempre gostei de contribuir com a população desse que é o meu Estado”, destacou Mendes, que devolveu a provocação: “Não é com conversa fiada e com promessa que se faz gestão pública”.
O candidato esteve em Sinop nesta quarta-feira para participar do encontro partidário com o DEM, MDB, PV, PSD e PDT, siglas que endossam a candidatura. Mendes terá como vice o ex-prefeito de Lucas do Rio Verde por 3 mandatos, Otaviano Pivetta (PDT).
Biografia
Mauro Mendes Ferreira nasceu em 12 de abril de 1964. Chegou em Cuiabá aos 16 anos. Formou-se em engenharia elétrica e fundou a Bimetal, fabricante de torres de telecomunicações. Por 6 anos foi o presidente da FIEMT (Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso), chegando a ser vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria.
Em 2008, disputou as eleições para prefeito de Cuiabá e não conseguiu ser eleito. Em 2010, também disputou a eleição para o governo e perdeu novamente. Em 2012 venceu a disputa pela prefeitura de Cuiabá no segundo turno com 169.688 votos (54%).
Ele deixou o Partido Socialista Brasileiro (PSB) no início de 2018 e ingressou no Democratas como pré-candidato ao governo do Estado.
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