Eleição suplementar
Leitão invoca sua atuação pelo agro e o anti-petismo na nova disputa pelo Senado
Derrotado em 2018, Leitão volta a tentar o cargo com o discurso de que o Norte merece um senador
Política | 28 de Fevereiro de 2020 as 17h 31min
Fonte: Jamerson Miléski
Um nome político conhecido, o histórico de atuação na bancada ruralista e o rótulo – já quase esquecido – de “anti-petista”, de quem chegou a ser o líder da minoria na Câmara Federal, que se colocava como ponto de resistência ao governo do PT. Essas são as “ferramentas” que o ex-deputado federal e ex-prefeito de Sinop, Nilson Leitão (PSDB), pretende utilizar para conquistar o apoio do eleitorado na eleição suplementar para senador – marcada para o dia 26 de abril.
Esta semana Leitão concedeu uma entrevista para a Real TV e para o GC Notícias. Ele deixou claro que será candidato ao Senado, apresentando seu nome para a disputa, assim como fez em 2018 – quando somou 330 mil votos, ficando em 5º lugar. O presidente do PSDB no Estado, Carlos Avalone, confirmou que ex-deputado será o nome do partido na disputa.
Leitão acredita que a eleição de abril desse ano será menos “passional”. Ele acredita que em 2018 o eleitor concentrou tanta raiva do eixo ideológico vigente na política nacional por 16 anos que o único foco era mudar. “Em 2018 o eleitor não prestou muita atenção nas propostas, ele queria mudar e votou naquilo que encontrou de mais diferente do que estava. Nessa eleição, o voto será mais criterioso. O eleitor vai avaliar os programas, propostas e histórico de cada candidato”, declarou.
Considerando que a intenção do eleitorado mato-grossense é repor um senador que tenha os mesmos pilares do presidente eleito, Leitão lembra que sempre foi um militante “anti-petista”, engajado com a oposição ao longo de todo período que o PT esteve a frente do país. “Eu nunca mudei de lado. Sempre fiquei no PSDB, apoiando meus correligionários mesmo quando não era mais viável eleitoralmente”, reforça o candidato, lembrando da queda de popularidade dos candidatos tucanos para governador (Pedro Taques) e presidente (Geraldo Alckmin). “Fiquei até o fim”, completou.
Sem esses “fardos”, Leitão acredita que terá mais facilidade para dialogar com o eleitor no pleito desse ano – inclusive podendo cooptar a simpatia dos bolsonaristas de carteirinha. “Não sou de extrema direita, mas muitas das ações do governo Bolsonaro são projetos meus, como deputado”, declarou.
Leitão citou como exemplo a PEC (Proposta de Emenda a Constituição), para redução da máquina pública, e o projeto de lei para plantio em áreas indígenas. “São pautas hoje encampadas pelo governo Bolsonaro que já eram levantadas por mim como deputado e que continuarei defendendo se for senador”, frisou.
Outro ponto defendido pelo candidato é que o Norte de Mato Grosso merece ter um representante na Casa da República. Leitão citou o fato da baixada cuiabana e do eixo sul do Estado já possuírem seus representantes – nessa e nas legislaturas passadas – enquanto o Nortão nunca teve um senador em tempo integral. “Essa nossa região que vive sendo aplaudida pelos seus resultados econômicos merece ter representatividade política nacional”, defendeu.
Quanto ao fato de ser uma “figura carimbada” na política, em uma época que a massa pede renovação, Leitão se esquiva dizendo que é o “político de casa”. “Eu me predispus a ser candidato. Sou da política e quero disputar eleição. Faz parte de quem eu sempre fui. Todas as pessoas tem defeitos. Eu ‘sou de casa’ e tenho os defeitos que já são conhecidos pelos eleitores”, minimizou.
A trajetória política de Leitão começou junto aos clubes de serviço, em ações voluntárias de cunho filantrópico. Seu primeiro cargo eletivo foi vereador e, na metade do mandato, acabou sendo eleito deputado estadual e depois prefeito de Sinop – eleito em 2000 e reeleito em 2004. Em 2010 disputou e venceu a eleição para deputado federal. Em 2014 pleiteou a reeleição no cargo e acabou como o mais votado do Estado. A carreira política em ascensão deu uma “freada” em 2018, quando apesar de ser o nome escolhido pelo PSDB para pleitear o Senado, não obteve o resultado esperado, ficando em 5º lugar.
De janeiro de 2019, quando entregou o cargo de deputado, até hoje, Leitão concentra suas atividades prestando consultoria para entidades e grupos da iniciativa privada, além de fazer política partidária em Brasília.
Eleição de poucos votos
Avaliando o cenário, Leitão acredita que a eleição suplementar para escolher o novo senador de Mato Grosso, pode ser marcada pelo não comparecimento dos eleitores.
Ele lembrou da eleição suplementar, para escolher o governador do Estado do Amazonas – após o vencedor ter seu mandato cassado pela justiça eleitoral. Aquele pleito teve apenas 47% dos eleitores indo às urnas.
Some a isso o fato da eleição ser no ano eleitoral, mas deslocado do calendário tradicional – em que a votação ocorre no mês de outubro. Outro fator é que, corriqueiramente, o eleitor acaba se mobilizando mais para escolher os líderes do executivo, deixando seus representantes dos cargos legislativos em segundo plano. “Pode acabar sendo uma eleição de 800 mil votos”, avaliou.
Nesse cenário, o nome conhecido de Leitão e o engajamento do Norte de Mato Grosso – sua base eleitoral – proporcionariam um “arranque” na eleição para senador.
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