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Terra Envenenada

PF diz que vereador pode ser distribuidor de agrotóxico contrabandeado

Vereador Toninho Bernardes (PL) está preso temporariamente e defesa nega que ele tenha envolvimento com o esquema

Polícia | 04 de Agosto de 2021 as 16h 24min
Fonte: MT Notícias

Anderson de Oliveira

O delegado da Polícia Federal, Rodrigo Martins, e o policial Luciano Tavares, responsáveis pelas investigações da operação Terra Envenenada, disseram que o vereador Toninho Bernardes (PL), preso temporariamente esta manhã em Sinop, é, possivelmente, um dos distribuidores dos agrotóxicos contrabandeados por uma rede criminosa com ligações no Nortão de Mato Grosso, Paraná, São Paulo, Paraguai e China.

Bernardes é um dos seis suspeitos presos em Sinop. O parlamentar ficará detido em cela especial. A defesa do político negou seu envolvimento. Leia nota dos advogados na íntegra. 

Outras prisões foram realizadas simultaneamente em Mato Grosso, Paraná e São Paulo.

“O envolvimento dele [vereador] está sendo apurado, mas há indícios de que participava dessa rede. Ainda não podemos garantir o grau de envolvimento. Ele, a princípio, seria um distribuidor local dos agrotóxicos. Recebia os produtos que vinham contrabandeados”, disse o delegado Rodrigo Martins.

Os mandados de buscas, emitidos pelo juiz da 5ª Vara Federal de Mato Grosso, Jeferson Schneider, foram cumpridos pela PF, nesta quarta (4), e resultaram na apreensão de quatro armas ilegais, dinheiro em espécie – ainda não contabilizado – e cerca de três caminhonetes carregadas com agrotóxicos.

A PF explicou que os produtos tinham origem do Paraguai e China. Os contrabandistas adquiriam os agrotóxicos no Paraguai e dividiam a carga em caminhões e veículos utilitários para não levantar suspeita. Os carregamentos movimentavam um mercado lucrativo, avaliado em quantias milionárias.

“Alguns carregamentos chegam a milhões de reais. Cada quilo do produto custa de R$ 1 mil a R$ 2 mil. Se você tem uma tonelada, é R$ 1 milhão; 2 toneladas, são R$ 2 milhões. É um mercado muito lucrativo”, respondeu o policial Luciano Tavares.

Agora, a Polícia Federal segue com as investigações, que correm em segredo de justiça, para identificar novos participantes em Mato Grosso e outros estados do Brasil. Alguns suspeitos no exterior também foram presos.

“É um crime endêmico, desde a fronteira até aqui. Foram feitas algumas prisões em flagrantes de envolvidos no exterior e outros foram identificados”, apontou Tavares.

 

Câmara de Sinop se manifesta

A PF realizou buscas no gabinete e residência do vereador Toninho Bernardes (PL). A Câmara se manifestou por meio de nota afirmando que “o intuito da operação não é relacionado às atividades exercidas por Toninho Bernardes quanto vereador no exercício de suas funções legislativas”.

O presidente da casa parlamentar, vereador Élbio Wolkweis (Patriota), acompanhou o trabalho dos policiais na Câmara e disse que: “com certeza, o vereador que está sendo investigado vai se justificar e resolver o seu problema”.

 

Entenda a operação Terra Envenenada

A investigação originou-se da análise do material e depoimentos colhidos na primeira fase da operação, deflagrada em 2018, quando foi desmantelada organização criminosa e apreendida mais de uma tonelada de agroquímicos contrabandeados ou adulterados.

Desde essa etapa inicial, a Polícia Federal intensificou as investigações e identificou grandes grupos de fornecedores regionais e nacionais, cujos líderes e integrantes foram presos hoje.

Foram apreendidos documentos e materiais de interesse para investigação, agrotóxicos, além de armas irregulares.

Os investigados responderão por comercialização e transporte de agroquímicos de uso proscrito (artigo 15 da Lei n° 7.802/89), constituição de organização criminosa (artigo 2° da Lei n° 12.850/2013), lavagem de dinheiro e outros crimes que vierem a ser descobertos. As penas variam de 2 (dois) a 10 (dez) anos de reclusão.