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Televisão de cachorro

Notícias dos Poderes | 27 de Maio de 2020 as 14h 35min

Emissoras de televisão de Sinop, adotando posições políticas de forma escancarada, não é nada novo. Desde 1994 existe TV local em Sinop e, desde essa época, o noticiário televisivo se presta a aplaudir ou esfolar determinado líder político. Faz parte do jogo e, infelizmente, na maioria das vezes é o que paga as contas do veículo de comunicação.

A TV é tão útil ao político que políticos passaram a adquirir emissoras. É a lógica do mercado. Se você planta muita soja, ao invés de pagar para um armazém guardar o produto, você constrói seu próprio armazém. Se o seu negócio depende muito de frete, é mais lucrativo comprar a própria frota de caminhões. Seguindo essa premissa, muitos políticos preferiram deixar de pagar mensalidade para veículos de comunicação e compraram os seus próprios. Mato Grosso é farto de exemplos.

E quando o patrão é franco candidato, o anseio de ser o funcionário do mês, acaba fazendo com que a equipe de jornalismo erre na dose. Tentando agradar demais, acaba criando uma caricatura que debocha da inteligência dos telespectadores.

O programa de TV do SBT da última segunda-feira (25), acabou sendo muito visto pela internet. Indignados com a postura do apresentador, moradores do Jardim Bougainville em Sinop começaram a compartilhar, pelo Whatsapp e outras redes sociais, o trecho final do programa. O vídeo mostrava o apresentador Claudio Santos criticando o projeto de lei para abertura e pavimentação da Avenida Oscar Niemayer. Entre seus argumentos, Santos dizia que o dinheiro do Finisa não deveria ser aplicado nesta obra, porque essa é uma conta que será paga por todos os sinopenses. Ao invés disso, algum outro líder político deveria buscar recursos no Estado, ou em Brasília, para bancar esse novo asfalto.

Não vamos nem comentar o fato que, seja o Finisa, ou o dinheiro que “brota” em Brasília, ambos são “pagos” pelo povo. Toda grana pública sai do contribuinte. A boa atuação política faz esse dinheiro voltar para sociedade, seja com o Finisa ou com um projeto via Estado ou Governo Federal. Ou mesmo como emendas, que o dono daquela televisão, quando foi deputado federal, distribuiu para Juruena, Ipiranga do Norte, Sorriso, Barra do Garças, Nova Mutum e outros municípios. Menos para Sinop. O que o homem do chapéu destinou para Sinop, acabou não chegando.

Enfim, essa reflexão não é sobre o que o dono de TV fez como político, mas o que o político faz com sua TV. Nessa edição do programa da segunda-feira, que acabou ganhando visibilidade graças a internet, antes de Claudio Santos transformar a Avenida nova em pauta política, a emissora exibiu uma matéria sobre o dia do trabalhador rural. Uma matéria com imagens entusiasmantes, off bem narrado e texto construído para encher as pessoas de orgulho por viver em Mato Grosso – o celeiro do Brasil. Então, como personagem da matéria, a equipe de jornalismo da TV escolheu uma personagem para falar em nome dos trabalhadores rurais. A pessoa escolhida foi Roberto Dorner – o dono da emissora e franco candidato a prefeito de Sinop.

Duas “tacadas” políticas em sequência. Na cara do espectador. Sem filtro. Sem pudor. Apenas usando o horário e a ferramenta para aquilo que ela serve.

É triste ver um negócio tão importante para manutenção da liberdade de uma sociedade, ser transformado em palanque. Mas seria ingênuo pensar que não existem tantos outros que fazem o mesmo.

É ruim quando um político usa dinheiro para influenciar um veículo de comunicação. Mas e quando um político compra o veículo inteiro?

Bom, nesse caso chamamos ele de “empresário”.