Olá! Utilizamos cookies para oferecer melhor experiência, melhorar o desempenho, analisar como você interage em nosso site e personalizar conteúdo. Ao utilizar este site, você concorda com o uso de cookies.

Boa noite, Quinta Feira 25 de Abril de 2024

Menu

Doença Fake

Secretário desmente caso de dengue hemorrágica em criança

Caso “viralizado” nas redes sociais como ato de negligência médica não passou de desespero

Geral | 05 de Outubro de 2015 as 14h 57min
Fonte: Jamerson Miléski

Print com a foto da criança que circulou nas redes sociais |

Uma imagem de uma criança com manchas vermelhas pelo corpo circulou nas redes sociais durante o final de semana, mobilizando inclusive autoridades políticas. A foto foi apresentada como se tratando de um caso de dengue hemorrágica em uma criança de Sinop que teria sido confirmado por exame e ainda assim dispensada sem o devido tratamento.

Muitas pessoas acabaram se mobilizando, seja repudiando a saúde pública do município ou se oferecendo para ajudar a família e a criança. O problema é que o alvoroço, motivado inclusive por um funcionário público da prefeitura de Sinop, não passou de um desespero.

Segundo o secretário de Saúde de Sinop, Manoelito Rodrigues, não se trata de dengue hemorrágica e sim de uma reação alérgica. “A criança também não foi desassistida. Ela recebeu os atendimentos médicos dos pediatras de plantão, realizou exames de sangue que descartaram a suspeita de dengue hemorrágica. Como o quadro alérgico não persistiu o menor recebeu alta médica”, ressaltou Manoelito.

Frente a proporção que o “boato” tomou, a secretaria de Saúde iniciou um levantamento para saber exatamente o que havia acontecido. O posicionamento foi exposto pelo secretário em uma nota técnica à imprensa. Conforme o documento assinado pelo secretário de Saúde, a família chegou com a criança na Unidade de Pronto Atendimento na sexta-feira (2), às 5h16, quando recebeu o primeiro atendimento. As 5h23 recebeu o segundo atendimento, que é a classificação de risco. Seguindo as normas do Protocolo de Manchester, a criança recebeu a classificação de cor azul – sem urgência.

A mãe do menor relatou que a criança apresentava manchas vermelhas por todo o corpo, que continuavam mesmo após tomar um antialérgico – que não soube informar qual era, nem a dose e nem quem havia prescrito. Quando foi chamada para a consulta médica, as 6h20, a criança e seus responsáveis não estavam mais na UPA.

Ainda na sexta-feira, às 14h20h, a criança deu entrada no atendimento do Hospital Regional de Sinop. O médico que realizou o atendimento não detectou as manchas na criança e solicitou um exame de sangue para afastar outras hipóteses, visto que a mãe dizia ser dengue hemorrágica. Sem sintomas mais graves, a criança foi liberada. No dia seguinte, às 7h20, a mãe retornou ao Hospital com o resultado dos exames. O médico pediatra do plantão descartou a suspeita de dengue e não constatou qualquer anormalidade que se enquadrasse como urgência e emergência. A mãe apresentou a foto tirada da criança “dias atrás”, ao médico do plantão que manteve o seu diagnóstico como possível causa alérgica.

Segundo Manoelito, a equipe da secretaria foi atrás da criança através do endereço registrado no momento do atendimento na UPA. O pai do menor informou que ele estava bem e que o rompante da mãe, durante o atendimento, foi devido ao medo de se tratar de um caso de dengue hemorrágica. Ele também justificou que não aguardou o atendimento na UPA porque não havia médico na unidade – que segundo Manoelito, não condiz com a verdade.

Frente a exposição dos pacientes, das instituições públicas e dos servidores que nela trabalham, provocada por um boato transmitido por um servidor público da prefeitura, Manoelito pretende abrir um processo administrativo para apurar a conduta, que classificou como “imprudente e desrespeitosa”.

Segue abaixo a nota técnica na íntegra:

 

NOTA TÉCNICA À IMPRENSA

A partir da denúncia vinculada em redes sociais referente a uma criança de Sinop que teria tido seu atendimento médico negligenciado no Hospital Regional, a secretaria municipal de Saúde buscou tomar conhecimento dos fatos e traz ao público a seguinte informação oficial:

- O menor em questão teve o primeiro atendimento na Unidade Pronto Atendimento no dia 02/10/2015 às 05:16h (recepção), e  o segundo atendimento ocorreu às 05:23h (enfermeiro do plantão) quando teve classificação de risco (Protocolo de Manchester) instituído pelo Ministério da Saúde, de cor azul. A mãe do menor relatou que a criança apresentava manchas vermelhas por todo o corpo, sendo que havia tomado anti-alérgico (não especificado qual medicamento, nem a dose e nem quem havia indicado o uso), sem que houvessem melhoras do quadro apresentado. Após a classificação necessária para o atendimento médico no plantão, o menor com os responsáveis não foi localizado nas dependências da UPA. O atendimento foi registrado como “Não Respondeu ao Chamado” às 06:20h.

- Ainda na mesma data, às 14:20h, a mãe levou o menor para atendimento no Hospital Regional de Sinop. O atendimento foi realizado e não foram observadas manchas na pela da criança (alegado pela mãe). Seguindo a conduta médica, foi solicitado exame de sangue para afastar outras hipóteses, visto que a mãe dizia ser dengue hemorrágica. No dia seguinte, as 07h20min, a mãe retornou ao Hospital Regional de Sinop com o resultado dos exames que foram avaliados pelo médico pediatra do plantão. O profissional não constatou qualquer anormalidade que se enquadrasse coo urgência e emergência. A mãe apresentou a foto tirada da criança “dias atrás”, ao medico do plantão que manteve o seu diagnóstico como possível causa alérgica. A mãe fora orientada e liberada para casa mas, não satisfeita com o diagnóstico, solicitou o nome da médica e se retirou do consultório.

- Por fim, para a realização do atendimento em qualquer unidade de saúde, torna-se obrigatório o uso do cartão SUS, instituído pelo Ministério da Saúde, documento este oficial de uso único, pessoal e obrigatório, que a exemplo de outros documentos também não foram apresentados pelos responsáveis – o que não impediu de realizar o atendimento. Foi registrado no prontuário médico agressividade verbal dos responsáveis pela criança diante do atendimento já na recepção do hospital.

A Secretaria Municipal de Saúde tentou contato telefônico com os responsáveis através dos números informados no primeiro atendimento na UPA e no hospital regional de Sinop. O serviço de telefonia informa que os números são inexistentes. O contato com o pai só foi possível nesta data após a unidade móvel no município localizar através do endereço a residência do menor. O pai da criança garantiu que a mesma esta melhor, que o processo alérgico sumiu e que a agonia da mãe foi causada por populares que afirmaram se tratar de “dengue hemorrágica”. Ele confirmou ainda que a mãe estava nervosa na ocasião, que a mesma faz uso de remédios controlados e não seria recomendado falar com a mesma no momento da visita. O pai ainda relatou que no dia 02/10/2015 não aguardou o atendimento na UPA, porque não havia medico na unidade (o que não condiz com a verdade).

Elucidado os fatos, a SMS considera, IMPRUDENTE e DESRESPEITOSA, a divulgação de fotos ou quaisquer ato ou informação de pacientes vinculando a mídia sem a devida informação correta, principalmente por agentes públicos que tem a obrigatoriedade de ajudar na condução do serviço disponível para a sociedade. Para tanto, serão estudadas a medidas administrativas (a exemplo de outros casos) para que tais fatos não tornem a se repetir sem que a verdade seja apurada, que sejam preservadas a imagem e história dos pacientes, como também dos servidores no exercício da função.  REPUDIAMOS atos como os praticados. A SMS, que nunca foi procurada para elucidação do problema, procurou de todas as formas apurar e dar esclarecimento ao caso cumprindo com o seu dever de cuidar da saúde e promover a qualidade de vida da população.

 

Secretaria Municipal de Saúde de Sinop

Manoelito Rodrigues