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Julgamento

Réu nega que matou porque perdeu dinheiro, diz que 'ninguém morre de graça' e irrita promotor

Edgar Ricardo de Oliveira é julgado pela morte de sete pessoas após perder partidas de sinuca em bar

Geral | 15 de Outubro de 2024 as 19h 44min
Fonte: O documento

Foto: Reprodução

O empresário Edgar Ricardo de Oliveira, um dos autores da chacina em um bar de Sinop no ano passado, afirmou durante seu  julgamento, nesta terça-feira (15), que não cometeu o crime após perder dinheiro em apostas de sinuca.

Ele e seu comparsa Ezequias Souza Ribeiro mataram sete pessoas, incluindo uma menor de idade, em 21 de fevereiro do ano passado, último dia do Carnaval. Morreram na ocasião Getúlio Rodrigues Frasão Júnior, de 36; a filha dele, de 12; Orisberto Pereira Sousa, de 38; Adriano Balbinote, de 46; Josué Ramos Tenório, de 48; Maciel Bruno de Andrade Costa, de 35; e Elizeu Santos da Silva, de 47.

Edgar alegou que sempre foi alvo de “armações” por parte de Maciel Bruno, que era dono do bar, e disse que sofreu “provocações” e “ameaças” das vítimas e que “ninguém morre de graça”.  Já em relação a menor,  disse que o tiro foi “acidental”.

“Nada desses fatos que dizem aí, que foi por causa de jogo que saí matando todo mundo, não é verdade. Ninguém morre de graça, não. Eu nunca me importei com dinheiro de jogo, o jogo para mim era um hobby, assim como prática de tiro. Eu não vivia de jogo, eu era empresário”, disse.

As declarações de Edgar irritaram o promotor de Justiça Herbert Dias Ferreira, que classificou as falas como “mentirosas”. Ele afirmou não há outra motivação para o crime senão a da perda de dinheiro no jogo de sinuca.

“Eu quero pedir desculpas para os familiares de todas as vítimas, vocês não mereciam ouvir essas mentiras e esses absurdos que o Edgar contou aqui. Eu tenho a impressão que se esse interrogatório se alongasse por mais alguns minutos, o réu teria dito aqui que foi abduzido, levaram ele para outro planeta, porque não é possível que uma versão dessas convença, minimamente, quem está aqui hoje assistindo esse julgamento”, afirmou o promotor.

“Uma das maiores barbaridades que já cometeram no nosso Estado de Mato Grosso e, lamentavelmente, na oportunidade que o réu tem de se defender, de demostrar arrependimento, ele prefere seguir o caminho do desrespeito e da mentira”, acrescentou.

Herbert Ferreira disse esperar que, com a condenação do acusado,  hoje seja o último dia de dor dos familiares.

O Ministério Público Estadual (MPE) pede que ele seja condenado por sete homicídios qualificados (motivo torpe, meio cruel, perigo comum, recurso que dificultou a defesa das vítimas, vítima menor de 14 anos, concurso de pessoas, emprego de arma de fogo e concurso material).

“Eu confesso que eu fiquei até um pouco incrédulo com o que eu ouvi aqui. Eu imaginei que ele fosse se arrepender, apresentar alguma versão crível, justa, mas fez aquilo que a gente sempre diz aqui em plenário: ou nega ou terceirizada a responsabilidade dele”, pontuou.