Mercador da puberdade
Reportagem denuncia crimes sexuais e pedofilia cometidos pelo fundador das Casas Bahia
Durante 3 décadas, Samuel Klein usou as lojas como parte da sua rede para aliciar meninas
Geral | 15 de Abril de 2021 as 17h 55min
Fonte: Jamerson Miléski
A Agência Pública – site de jornalismo investigativo – publicou nesta quinta-feira (15), uma reportagem que coloca em xeque uma das biografias mais enaltecidas do país. Samuel Klein, imigrante polonês que construiu do zero as Casas Bahia, que já foi chamado de “Rei do Varejo”, agora – 10 anos após sua morte - é apontado como um “mercador da puberdade”.
A reportagem consultou 35 fontes. Nessa relação estão mulheres, hoje adultas, que foram abusadas por Samuel quando ainda eram menores de idade. Há relatos de ex-funcionários da loja, seguranças e taxistas que faziam o transporte das adolescentes. O grupo de jornalistas envolvidos também apurou a existência de 11 processos judiciais relacionados a crimes sexuais e outros 8 em sigilo.
Entre as histórias reveladas pela Agência Pública está o caso exposto pelas irmãs Vanessa e Karina Carvalhal, nascidas em São Caetano do Sul. Muito pobres, as irmãs foram cooptadas pelo empresário, que pedia serviços sexuais em troca de dinheiro e produtos de suas lojas. Vanessa foi aliada pela primeira vez quando tinha 12 anos. Karina tinha apenas 9 anos quando trocou seu corpo por um par de tênis.
A reportagem também narra a história de uma menina de 16 anos que deixou o Rio Grande do Sul para tentar a carreira de modelo em São Paulo. À convite de uma amiga ela acabou indo a uma mansão de Samuel Klein em uma “festa”. A jovem conta que viu um enfermeiro aplicando uma injeção de estimulante sexual no dono das Casas Bahia – na época com 85 anos. Samuel ofereceu dinheiro, bolsa de estudos, carro e até um apartamento em troca de sexo. A adolescente recusou a proposta, mas acabou sendo estuprada. Samuel rasgou sua roupa e a penetrou a força. A adolescente sangrou e foi mantida na mansão por dois dias, sendo cuidada pelo enfermeiro. 12 seguranças cuidava da propriedade. Dois dias depois, a adolescente foi novamente estuprada.
O trabalho jornalístico e investigativo da Agência Pública revela que as lojas de Samuel serviam para o empresário receber e recrutar as jovens, além de pagá-las, seja com dinheiro ou produtos. Há inclusive uma série de ações trabalhistas de ex-funcionários narrando o constrangimento. Em uma das unidades, Samuel mantinha um quarto onde praticava sexo com as moças que escolhia.
O material é extenso e mostra que o negócio passou de pai pra filho. A investigação mostra que o herdeiro de Samuel, Saul Klein também responde por crimes similares ao do pai.
Para acompanhar a reportagem na íntegra, basta clicar no link abaixo.
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