Olá! Utilizamos cookies para oferecer melhor experiência, melhorar o desempenho, analisar como você interage em nosso site e personalizar conteúdo. Ao utilizar este site, você concorda com o uso de cookies.

Boa noite, Quinta Feira 18 de Abril de 2024

Menu

Sinop

Igreja Santo Antônio é contemplada com projeto de incentivo à Cultura

Recursos do Imposto de Renda das empresa patrocinarão 400 metros quadrados de arte sacra

Geral | 05 de Março de 2015 as 09h 39min
Fonte: Jamerson Miléski

Mari Bueno: Projetos de incentivo a Cultura que saem do papel |

A mais antiga igreja católica de Sinop, que emblema o padroeiro da cidade, será também a maior galeria de arte do Norte de Mato Grosso. A igreja Santo Antônio, que está sendo reconstruída no Centro de Sinop, será o atelier onde a artista plástica Mari Bueno irá trabalhar nos próximos dois anos.

Com o aval da diocese de Sinop e em parceria com a Associação dos Produtores Culturais de Mato Grosso, a artista elaborou um projeto com um conjunto de artes sacras para a nova sede da igreja Santo Antônio. O projeto recebeu, na última segunda-feira (2), a aprovação do Ministério da Cultura, autorizando a artista plástica a captar R$ 1.119.849,35 através da Lei de Incentivo a Cultura. Ou seja, empresas e pessoas físicas poderão destinar parte do seu Imposto de Renda para subsidiar a arte que será cravejada nas paredes e na fachada da igreja.

Esse não é o primeiro projeto de Mari Bueno contemplado pela Lei de Incentivo a Cultura. Em 2007 ela obteve a autorização junto ao Ministério da Cultura para captar R$ 230 mil. O recurso, também deduzido do Imposto de Renda, ornamentou a catedral católica em Sinop. O trabalho serviu de referência para que em 2013 um segundo projeto fosse aprovado. A arte sacra na igreja Nossa Senhora da Rosa Mística, em Lucas do Rio Verde, contou com R$ 800 mil captados através da lei de incentivo a cultura. Trabalho que foi concluído na semana passada.

Agora a artista sinopense que iniciou suas pinceladas retratando a floresta e ascendeu ao mundo com a arte sacra, trilhará um caminho de introspecção. Foi na igreja Santo Antônio que Mari fez sua primeira comunhão, quando o prédio ainda era de madeira, em meio a terra. Santo Antônio, que batiza a paróquia, é um ícone católico, atrelado entre outras coisas, a natureza. O maior projeto da vida da artista coloca, de uma só vez, seu passado e presente em uma única e imensa obra, que certamente, no futuro, será um referencial de tudo que com seu dom criou. “A igreja Santo Antônio faz parte da minha história, da história da cidade e de muitas pessoas. Meu esforço será para que essa arte consiga equilibrar a disputa entre a evolução, de uma cidade jovem, e a preservação do valor histórico, sem perder a função catequética e litúrgica da arte sacra. Não será uma obra para enfeitar a igreja, mas para que as pessoas transcendam em busca do divino”, explica Mari Bueno.

 

Projeto santo

Se na catedral de Sinop a arte de Mari Bueno partiu do conceito Elemental (água, terra, fogo e ar), com o Cristo na Amazônia, como referência ao nome da edificação (Sagrado Coração de Jesus), na Igreja Santo Antônio, o conceito artístico partirá dele: o padroeiro.

Na entrada na nova igreja que está em fase de construção, ao lado direito, haverá uma capela de Santo Antônio, com mosaicos no piso e na parede. No lado esquerdo da entrada será a Capela de Nossa Senhora, também com mosaicos no chão e parede, porém com uma pia batismal. Mari conta que a peça será construída também com mosaico, tomando como referência a pia batismal em que Santo Antônio foi batizado. “Quando fui a Lisboa eu vi essa peça e me encantei. A pia batismal que faremos lembrará a que foi utilizada no batismo de Santo Antônio”, comenta a artista.

Nas laterais da igreja, estarão 15 placas, feitas em mosaico, que retratarão a via sacra. Segundo Mari Bueno, no futuro essas peças devem ser deslocadas para fora da igreja, ocupando o espaço onde um dia foi a praça Santo Antônio, formando assim um “caminho” da via sacra. “Os mosaicos serão feitos com pedras, cerâmica e vidro. Utilizaremos materiais e cores que remetam a nossa história e a Santo Antônio. Tons terrosos, que remetem tanto a origem franciscana do santo como ao início de Sinop serão bastante utilizados”, revela.

Mais a frente, à esquerda, onde ficará a Capela do Santíssimo (espaço utilizado para orações e que fica aberto mesmo quando a igreja fecha), Mari fará um painel com pintura e mosaico, de 9 metros quadrados.

Quase tudo remeterá a Santo Antônio, menos o presbitério. O local onde fica o altar, centro maior das atenções nas celebrações católicas, será adornado com a imagem de Cristo. “Tudo na arte sacra tem um porque. Nas igrejas católicas, o espaço do presbitério é exclusivo para reverenciar Cristo”, explica. A artista pretende fazer um painel com o Cristo ressuscitado, em mosaico e pintura, com 76 metros quadrados. Será esta a tela de fundo que cada fiel verá enquanto faz seu ritual religioso. “Como se trata de uma obra nova, que está sendo concluída, teremos bastante liberdade para trabalhar. Faremos um altar próprio, que irá compor a arte do presbitério”, ressalta.

Após o encontro com o sagrado, ao sair da igreja, os fieis contemplarão um pouco do passado de Sinop. Na parede localizada sobre a porta principal, no lado interno, Mari fará um painel cm pintura e mosaico, de 90 metros quadrados. Nele estará reproduzido um pouco da história da paróquia Santo Antônio, com representações iconográficas de todos os diferentes locais que esta mesma igreja já teve para referendar a fé cristã. A primeira igrejinha, de madeira, em que Mari fez sua primeira comunhão estará lá, pintada. Além do registro do passado da paróquia, também haverão pinturas que contam um pouco da história do frade franciscano que empresta o nome à Igreja.

Essa mini-capela Cistina do nosso Michelangelo sinopense encerra com um painel feito com a técnica de corrosão em vidro, que será posicionado na fachada da Igreja. Será um Santo Antônio esculpido com produtos corrosivos, translúcido, suspenso sobre a porta de entrada dessa galeria de fé.

 

Milagre da multiplicação

Não existe mágica! Tudo que será feito dentro e fora da igreja Santo Antônio pela artista Mari Bueno será através da Lei Rouanet de incentivo a cultura. Uma vez o projeto tenha sido aprovado pelo Ministério da Cultura, a artista tem a permissão de iniciar a arrecadação dos recursos.

O dinheiro vem da dedução do Imposto de Renda que empresas e pessoas físicas precisam recolher para o governo federal. Empresas podem destinar até 4% do valor total de imposto para o projeto. Pessoas físicas, 6%. Ou seja, ao invés de passar todo o montante de imposto de renda para o governo, o contribuinte destina parte para o projeto cultural. Além de incentivar a arte, as empresas ainda recebem como bônus a divulgação por apoiar o projeto.

A captação já foi autorizada. Segundo Mari Bueno, em Lucas do Rio Verde foi preciso um ano inteiro para levantar o recurso. Os valores abdicados são depositados em uma conta do Ministério da Cultura. A obra só começa quando pelo menos 20% do montante for recolhido. Todas as compras e gastos precisam ser prestados ao Ministério. O ateste final para a aprovação do projeto é uma carta do bispo da diocese (mantenedor do prédio beneficiado pelo incentivo), confirmando que a arte proposta foi executada.

Assim, com a contribuição de diversas empresas e pessoas físicas, sejam da comunidade católica ou entusiastas da cidade, Mari fará o seu milagre da multiplicação, recolhendo recursos de impostos suficientes para transformar a igreja Santo Antônio na maior amostra de arte do Norte de Mato Grosso.

 

Acompanhe o vídeo com a artista mostrando o que será realizado.