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Análise

Especialistas apontam necessidades do Aeroporto de Sinop

Próximo passo para melhorar a estrutura é homologar os equipamentos que foram instalados

Geral | 09 de Março de 2017 as 21h 20min
Fonte: Jamerson Miléski

| MB Produções

Seguir a risca os trâmites técnicos e ter um pouco de paciência. Essa foi a recomendação de dois especialistas da área de aviação civil convidados pela prefeitura de Sinop para analisar a situação do aeroporto municipal. Em reunião realizada na manhã desta quinta-feira (9), o presidente da Associação Brasileira dos Operadores de EPTA (Estação Prestadora de Serviço de Telecomunicações e de Tráfego Aéreo), Marcos Vinicius Souza, e o vice-presidente da Operações Phenix Services, comandante Clairton Hammer, conversaram com vereadores, lideranças de classe e a secretária de Finanças, Ivete Mallamann, que capitaneou o encontro.

Segundo Ivete, a presença dos especialistas ajudou a nortear a gestão municipal quanto aos ajustes necessários ao aeroporto, bem como esclarecer dúvidas das entidades de classe, que estão colaborando no processo. “Nós sabemos que Sinop está inserida no Programa de Aviação Regional do Governo Federal, e que nosso aeroporto receberá uma reestruturação completa, com aproximadamente R$ 100 milhões em investimentos. Mas nós não sabemos exatamente quando isso irá ocorrer. O que queremos é traçar um planejamento do que precisa ser feito no momento para que o Aeroporto opere com boas condições”, pontuou Ivete.

Para Marcos Souza, que é dono da MVS Incorporações – empresa que está a frente do processo de instalação e operação da EPTA em Sinop – as empresas aéreas tem forte expectativas com relação ao município. “Sinop tem um grande potencial para a aviação comercial, que desperta o interesse das companhias aéreas. O que essas companhias querem é um aeroporto estruturado, com condições que permitam operar com o mínimo de falhas possível, sem cancelamento de pousos e decolagens, que acabam onerando seus custos e diminuindo seus lucros”, declarou.

Hammer acrescenta que a posição geográfica do município faz de Sinop uma rota de grandes vôos internacionais. “Os aviões que saem de São Paulo rumo Orlando ou Flórida nos Estados Unidos passam em cima de Sinop, 100 km para um lado ou para o outro. Ter um aeroporto bem estruturado nesse trajeto é algo de interesse para essas companhias, que pode ser explorado”, completou Hammer. “É bastante importante que, além da gestão que o município faz, Sinop tenha um auxílio técnico externo, de alguém que conheça as normas e procedimentos da aviação”, acrescentou.

Segundo Hammer, para que Sinop atinja um grau de qualidade em seu aeroporto neste momento o essencial é implantar a Operação de Tráfego Aéreo, instrumentalizar o aeroporto e fazer a certificação dessas instalações. “Profissionalizar a administração também é algo necessário. A parte de infraestrutura não é um problema nesse momento. Com esses 3 pontos principais, vôos que precisam de um teto de 11 mil pés para pousar, terão capacidade de operar com mil pés”, explicou.

 

Em que pé está?

Em março de 2016 a prefeitura de Sinop recebeu em doação da empresa Colonizadora Sinop dois conjuntos de PAPI (Precision Approach Path Indicator, ou Indicador de Precisão de Trajetória de Aproximação, em português).

Os equipamentos já estão instalados. Os PAPI precisam ser homologados junto a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), que exige como pré-requisito a operação da EPTA (Estação Prestadora de Serviço de Telecomunicações e de Tráfego Aéreo).

Quem está instalando a EPTA é a empresa de Marcos Souza, que detém uma espécie de “concessão federal”, que lhe credencia a instalar os equipamentos, operacionalizar a estrutura e, posteriormente cobrar isso das empresas aéreas usuárias do aeroporto. Segundo Souza, cerca de R$ 1 milhão deverão ser investidos na estrutura até o início da operação. O empresário explica que o projeto já foi encaminhado para a análise dos técnicos do Cindacta (Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo). “Esses técnicos irão analisar nosso processo e remeter informando as alterações necessárias. É natural que hajam ajustes”, comentou.

Conforme Souza, se a resposta do Cindacta vier dentro de 15 dias – prazo estimado – e as alterações forem poucas, em 30 dias sua empresa tem condições de remeter o processo concluso. “A partir disso os técnicos agendam uma visita ao Aeroporto local. É uma equipe grande, de pelo menos 10 pessoas, de diferentes áreas da aviação, que precisam se mobilizar para fazer essa inspeção in-loco. Embora seja a empresa que paga o custo desse translado, existe uma dificuldade dessa equipe formar sua agenda, por vários fatores. É difícil estimar um prazo para isso, mas pode ocorrer entre uma semana até dois meses”, explicou.

Na visita de inspeção os técnicos do Cindacta irão testar a EPTA, relatando os ajustes necessários. Caso a operação atenda as normas de segurança, a Estação é homologada. Só então Sinop poderá ingressar com o registro da RNAV (Area Navigation), que é um método de navegação que otimiza a operação de aeronaves em condições de baixa visibilidade. O RNAV funciona como uma carta de vôo com uma rota de aproximação do aeroporto traçada, lida com sinal de GPS, que guia o piloto para o procedimento de pouso em condições pouco favoráveis.

Esse procedimento exige o credenciamento junto a ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil). Sem ele, a instrumentalização do Aeroporto não é “válida” para as companhias aéreas. Segundo Hammer, a ANAC não faz a certificação de quem pede, mas de quem precisa. “A legislação sobre isso é abrangente. Em geral, a prioridade é para quem já está operando, que é o caso de Sinop. O processo de certificação pode tramitar na agência por muito tempo ou acabar saindo antes do esperado. Em Ponta Grossa [Paraná], conseguimos o credenciamento em 45 dias”, revelou Hammer.

A ANAC emite a certificação em fase de testes, pelo período de 4 meses, para então emitir a certificação provisória, de um ano. Só após um ano o Aeroporto recebe a certificação definitiva.

Segundo Ivete, o esforço é para que até dezembro de 2017 o RNAV esteja homologado e o Aeroporto esteja em processo de certificação do IFR (Instrument Flight Rules - Regras de Voo por Instrumentos, em português). Em suma, um aeroporto com IFR tem condições de operar aeronaves quando as condições meteorológicas não permitem a visibilidade mínima para operar em VRF (Regras de Vôo Visual) – que é a condição atual de Sinop. “Essa é a nossa meta. Cerca de 50% do caminho já foi percorrido”, declarou Ivete.

 

Ameaça vizinha?

Questionamos o especialista em aviação se o Aeroporto de Sorriso, há 86km de Sinop, concorre diretamente com o aeroporto do município e se esta disputa pode ser prejudicial para ambas. Para Hammer, os dois aeroportos tem condições de serem complementares. “Para a região é bom que ambos estejam estruturados. Pense no que é melhor para uma companhia aérea: não pousar em Sinop e ter que reverter para Cuiabá, deixando seus passageiros há 500km de distância e quase 9 horas de estrada, ou pousar em Sorriso, menos de uma hora de distância? Se os dois aeroportos estiverem estruturados, as duas cidades ganham”, comentou o especialista.

O Aeroporto de Sorriso já possui o sistema de navegação.