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Caso Zampieri

CNJ flagra conversas entre ex-assessor no TJ e advogado com dólares e PIX

Zampieri e Sebastião trocaram 768 mensagens em 15 meses

Geral | 14 de Agosto de 2024 as 20h 10min
Fonte: FolhaMax

Foto: Divulgação

A decisão do ministro corregedor Luis Felipe Salomão, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que determinou o afastamento de dois desembargadores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), revela que um ex-servidor do poder teria feito transações financeiras com o advogado Roberto Zampieri, assassinado em dezembro de 2023. Foram alvos da decisão os desembargadores João Ferreira Filho e Sebastião de Moraes Filho e o afastamento teria sido motivado por conta de informações contidas no telefone celular que pertencia ao advogado Roberto Zampieri, por suspeita de venda de sentença.

O jurista, supostamente, “vendia” sua proximidade com os magistrados, atuando como lobista. De acordo com o site Olhar Direto, as investigações apontaram que um ex-assessor do desembargador Sebastião de Moraes Filho, identificado como Rodrigo Vechiato da Silveira, que atua como advogado nos dias de hoje, seria supostamente intermediador dos negócios envolvendo o magistrado e Roberto Zampieri.

Foram encontradas mensagens trocadas pelos dois juristas, com o envio de peças processuais que deveriam ser repassadas ao togado. Uma das conversas mostra que Zampieri encaminhou ao ex-assessor uma cópia de uma decisão prolatada pelo desembargador.

Rodrigo Vechiato da Silva responde que poderia falar com o advogado na segunda-feira. Na sequência, o jurista assassinado em dezembro afirmou que ‘esse tem honorários’ e que havia ‘conversado com o chefe e ele disse que vai reconsiderar’.

A decisão, então, foi reconsiderada e o desembargador Sebastião de Moraes Filho votou da forma como havia pedido Roberto Zampieri. Em uma outra situação, o ex-assessor mandou uma mensagem para Roberto Zampieri, onde explica que seria necessário ‘pagar o homem’.

Esta cobrança foi feita por vários dias seguidos, por conta do atraso no repasse para o pagamento de uma pessoa que foi identificada como ‘nosso amigo’. Foi então realizada, posteriormente, uma transferência de R$ 50 mil.

Já em uma outra mensagem, os dois conversam sobre valores que seriam supostamente divididos por conta de uma decisão judicial. Foram citadas na divisão duas pessoas identificadas como sendo ‘o menino’ e ‘o chefe’.

Vechiato então faz uma transferência para Roberto Zampieri de R$ 60 mil, dinheiro que foi utilizado pelo advogado para compra de dólares. De acordo com a investigação feita pelo CNJ, o conteúdo extraído do celular de Roberto Zampieri revela conversas feitas entre o advogado e o desembargador em um período relativo a seis meses.

Foram trocadas 768 mensagens entre ambos, no período entre julho de 2023 até o assassinato do jurista, no início de dezembro.


Entenda o caso

Roberto Zampieri foi assassinado a tiros na noite do dia 5 de dezembro na frente do próprio escritório no bairro Bosque da Saúde, região nobre da Capital. Ele estava dentro de uma picape Fiat Toro quando foi atingido com diversos tiros de pistola calibre 9 milímetros disparados pelo pedreiro e pistoleiro, Antônio Gomes da Silva, de 56 anos. Ele foi preso na cidade de Santa Luzia, região metropolitana de Belo Horizonte (MG) e atualmente está detido numa unidade prisional de Cuiabá.

Em junho, em uma manifestação onde foi negado um pedido de devolução e destruição dos dados contidos no aparelho celular do advogado, o CNJ apontou que uma decisão do desembargador Sebastião de Moraes Filho, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) teria sido o motivo para a morte do jurista. O imbróglio judicial se deu por conta de uma disputa envolvendo uma área de 4,5 mil hectares, avaliada em quase R$ 6 milhões.

Segundo as investigações, o médico veterinário Aníbal Manoel Laurindo, que é fazendeiro e empresário, sua esposa Elenice Ballarotti Laurindo, e também o irmão dele, José Vanderlei Laurindo, estavam envolvidos numa disputa de terras contra um cliente de Roberto Zampieri, identificado como Jessé Benedito Emídio, por causa de uma fazenda no município de Paranatinga.