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Artigo

Quando a amamentação é uma missão

07 de Agosto de 2020 as 16h 21min

Madrugada adentro, começam as contrações, ela acorda o marido e, de repente, começa a vazar um pouco de líquido. É chegada a hora. Ela, no caminho, chora e geme a cada contração e dor. Horas depois, o pequeno já estava em seus braços. Testa franzida, em seu primeiro conjunto de roupas. A enfermeira pede para que ela o coloque para mamar. Ela o aproxima de sua mama e sem que ninguém o ensinasse, ele inicia sua sucção em busca do ouro humano, as saudáveis gotas de leite materno. Por um momento ela olha o pequeno em seus braços e começa a refletir. Será uma boa mãe? O cuidará bem e, terá leite suficiente para alimentá-lo? Ele começa a chorar de fome ou medo e, ela inicia um novo desafio em sua nova fase de vida.

 

A amamentação é um grande desafio para todas as mães. Sejam elas “de primeira viagem” com seu primeiro filho ou mesmo, já com outros filhos nascidos. De acordo com o boletim lançado no ano de 2018 pela Organização Panamericana de Saúde, o aleitamento materno nos primeiros anos de vida salvaria mais de 820 mil crianças menores de cinco anos em todo o mundo. A América Latina e o Caribe estão entre as médias globais mais altas, mas, a meta ainda está abaixo dos 50 %. De acordo com o documento publicado em 2017, 78 milhões de recém-nascidos tiveram que esperar por mais de uma hora para serem colocados ao seio materno de suas mães.

No mês de agosto comemora-se o “Agosto Dourado”. A cor dourada foi escolhida em alusão à definição da Organização Mundial de Saúde - OMS para o leite materno: alimento padrão ouro para a saúde dos bebês. Na primeira semana, do mês, existe a semana de incentivo a amamentação com ações de saúde para apoiar as mães na amamentação. Na hora de amamentar, existem uma série de questionamentos que passam na cabeça das mães que podem até desencorajá-las de amamentar seus bebês.

Por que existem tantos mitos reflexões acerca da amamentação? Por que algo que parece tão saudável é encarado como desafiador para muitas mães? Existem tabus instituídos pelas próprias progenitoras que foram passando pelas gerações e, perduram até os dias atuais como as falas de que seios pequenos dão menos leite do que os seios maiores; amamentar induz a queda das mamas; canjica e cerveja preta aumentam a quantidade de leite; entre outros tantos. O fato é que os prejudicados são os bebês que perdem o direito de receber o leite que lhe é tão necessário no desenvolvimento.

Algumas desmistificações devem ser ditas. O que aumenta o tamanho do peito é o tecido adiposo e, não são estes que não interferem na formação, crescimento e produção das glândulas mamárias, produtoras do leite materno. Não existe leite fraco. O leite tem a mesma constituição respeitando as fases da amamentação e, as mamas irão despencar por culpa da idade e da gravidade. É uma consequência irremediável, infelizmente.

Ao “dar o peito para o bebê”, existem sim uma série de benefícios que devem ser levados em consideração tanto para a mãe como para o pequeno. O benefício econômico, por exemplo, é estimulante para os pais que podem usar o dinheiro aplicado em latas de leite, na compra de outras necessidades do momento, como o caso das fraldas, ou até mesmo o cuidado com a mãe que acabou se desgastando na gestação. Algumas doenças como o Câncer de mama, a Hipertensão, a Diabetes Mellitus e a Doença de Crohn podem ser evitadas com o ato de amamentar. Devem ser considerados também na corrida dos benefícios, a interação mãe-filho na hora das mamadas, o melhor desenvolvimento intelectual da criança e futuro adulto além da imunidade natural dadas pelas imunoglobulinas presentes no leite.

Frente a uma série de inspirações positivas para que as mães deem o leite materno, é necessário continuamente o desenvolvimento de políticas públicas que possam incentivar as mães a amamentar seus filhos tão logo eles nasçam. É possível estimular as mães a partir do pré-natal na UBS, formação de grupos de gestantes e mães de “primeira viagem”, entre outras propostas que levem as progenitoras a amamentar seus filhos. O que vale é a intenção de promover a boa alimentação dos pequenos e, que estes estímulos possam romper as barreiras do Agosto Dourado meses adentro.

Júlio Casé

Artigo

*Julio César Marques de Aquino (Júlio Casé) é médico de Família e Comunidade pela SMS- Sinop/MT. Professor de medicina de pela UFMT campus Sinop. Autor do livro “Receitas para a vida” pela editora Oiticica. Medico residente de Psiquiatria HMCL - SMS - São Paulo. Titular da cadeira número 35 da Academia Sinopense de Ciências e Letras cujo o patrono é o médico e escritor Moacyr Scliar. Contato: email: juliocasemed@gmail.com